
No mercado brasileiro, existe um segmento de automóveis que destoa completamente do período crítico vivido pelos modelos 0 km, usados e importados. É o de veículos com motores eletrificados (100% elétricos e híbridos).
No ano passado, as vendas bateram recorde, com aumento de 66,5% em comparação a 2019. Sim, você não leu errado: os emplacamentos cresceram mais de 60%, demonstrando que os veículos elétricos são uma realidade e estão ganhando espaço cada vez maior nas ruas do país.
O número saltou de 11.858 unidades para 19.745 – só em dezembro foram 1.949 veículos licenciados. O Audi liderou o ranking dos carros elétricos mais vendidos. É uma façanha e tanto, considerando que esse tipo de automóvel ainda é caro no Brasil e que a infraestrutura adequada de eletropostos está engatinhando.
Aliás, um dos esforços da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) é justamente ampliar a quantidade de eletropostos nas estradas. Hoje, existem em torno de 450 pontos de recarga em rodovias e locais públicos, como shoppings e postos de combustível.
O volume de vendas serviu de trampolim para que os eletrificados chegassem a 1% do mercado total de veículos no Brasil. A participação inclui automóveis e comerciais leves elétricos híbridos não plug-in e plug-in (HEV ou PHEV) e elétricos a bateria (BEV). Agora, são 42.269 automóveis em circulação por aqui, segundo a ABVE.
“Os eletrificados novamente mostraram seu potencial, em contraste com a situação do mercado”, afirma Adalberto Maluf, presidente da ABVE. “Em tempos de pandemia, muitos consumidores fizeram uma aposta clara nos veículos não poluentes e sustentáveis.”
A curva ascendente da comercialização de veículos elétricos nos últimos anos chama atenção. Confira a evolução a partir de 2012:
2012: 117
2013: 491
2014: 855
2015: 846
2016: 1.091
2017: 3.296
2018: 3.970
2019: 11.858
2020: 19.745
“Por um lado, devemos comemorar esse feito”, diz Antonio Calcagnotto, diretor de veículos leves da ABVE e diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Audi do Brasil. “Em compensação, ainda estamos distantes de uma participação expressiva no mercado total. Portanto, temos de insistir em medidas de apoio à mobilidade elétrica.”
Uma dessas medidas é a equiparação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos eletrificados à alíquota da maioria dos veículos convencionais. Um exemplo: enquanto um carro flex 1.0 a combustão paga 7% de IPI, o veículo elétrico ou híbrido, que não polui, sofre taxação de 13%, 18% ou até mais.
“O ideal seria zerar o IPI dos veículos elétricos e híbridos. No máximo, nossos produtos deveriam pagar a mesma alíquota básica aplicada na maioria do mercado. Não é só uma questão de eficiência energética, é também de saúde pública”, defende Pedro Bentancourt, vice-presidente de veículos leves da ABVE e diretor de relações governamentais da Nissan do Brasil.